O domingo foi de sol e a praia estava lotada. Centenas de mulheres foram à orla de Atalaia para marcar mais um dia de luta pelos seus direitos e pela vida. “No Brasil, a cada dois minutos, uma mulher sofre alguma violência; a cada duas horas, uma mulher é morta. Em 2019, Sergipe teve 21 mulheres mortas por feminicídio”, informou Sônia Meire, membro do Fórum de Mulheres de Sergipe, entidade que puxou o ato junto com diversas entidades representativas do Estado.
Com o lema ‘Resistimos para viver, vivemos para transformar’, o ato trouxe diversas reivindicações. “A mulher sofre violência em todos os aspectos de sua vida. Ela é oprimida dentro da família, dentro da escola, dentro do trabalho, dentro da sociedade. Seja na falta de acesso à educação, ao trabalho, à saúde, à moradia, à renda, passando pela agressão psicológica, moral, física, chegando até a morte. É uma realidade que precisa ser transformada com máxima urgência”, destacou.
“A luta da mulher é pela sobrevivência. Que mulheres e homens estejam juntas/os pelos direitos e pela existência das mulheres sem violências e (trans)feminicídios”, disse Ana Paula Leite, coordenadora de Formação Política e Sindical do Sinasefe Sergipe, que contou com outras coordenadoras e membros da base presentes no ato.
Famílias inteiras marcaram presença no ato, que contou com uma área para as crianças. “Não podemos esquecer das mulheres que não tem com quem deixar os filhos e precisam levá-los. Por isso, sindicatos, entidades, entre outros tem criado espaços para crianças para que as mulheres não deixem de participar de sua luta. A mulher que luta é estudante, é trabalhadora, é mãe e não podemos perder isso de vista”, disse Débora Lima, coordenadora geral do Sinasefe Sergipe, que foi ao ato acompanhada de seu filho.
“O pior de nossa realidade é que temos um homem no cargo máximo de nosso país, que é a Presidência da República, que comete diversas agressões diariamente com discurso fascista, atacando mulheres, negros, índios, pobres. Esta realidade precisa mudar”, disse Caroline Santos, secretária de Formação e Sindicalização do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor-SE) e secretária de Relações de Trabalho da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT-SE).
A luta das mulheres não fica somente no dia 8 de março. “Nossas batalhas são diárias. Todos os dias lutaremos para conquistarmos uma sociedade justa e igualitária, onde nossos direitos sejam plenos e a violência não exista”, destacou Tânia Regina Barbosa, coordenadora jurídica do Sinasefe Sergipe.
As mulheres se concentraram nos arcos da orla, fizeram uma caminhada até o terminal de ônibus da Atalaia, retornando aos arcos, onde aconteceram apresentações artísticas e falas de representantes da sociedade. Entre as atrações, estavam o grupo de percussão exclusivamente feminino Batalá; Batucada Sons da Luta, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Sintese); a cantora Isis Broken; o grupo de hip hop Bruxas do Cangaço, entre outras.