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24/11/2018

Encontro Regional Nordeste: despertar, resistir e lutar são as principais ações do trabalhador para o momento



O segundo dia do Encontro Regional Nordeste do Sinasefe trouxe reflexões para os trabalhadores da rede federal de ensino. A parte da manhã foi dedicada à análise da conjuntura atual do país, discutindo os resultados das Eleições 2018, condições de trabalho e ameaças aos direitos conquistados.

As falas foram duras e de autocrítica, trazendo diversos pontos para reflexão sobre atitudes e condução da luta do trabalhador. “É preciso que cada um nós reflita e avalie nossas atitudes, nossas decisões e ações para que consigamos enfrentar todos os perigos que já estão anunciados para a classe trabalhadora”, disse Débora Lima, coordenadora geral do Sinasefe Sergipe.

As reflexões continuaram com os colóquios da tarde, que debateram temas como assédio moral e adoecimento no trabalho, as carreiras da rede federal de ensino, Escola Sem Partido, reforma do ensino médio, entre outros. O sentimento entre os participantes era o mesmo: é preciso que o trabalhador desperte para a necessidade de resistir e lutar.

Segundo Jane Miranda, professora do IFPE e membro da Comissão Nacional Docente do Sinasefe e da Diretoria Executiva do Sindsifpe, a rede federal de ensino não tem uma carreira. “A gente costuma dizer que a gente não tem uma carreira, que o que a gente tem é uma tabela. Não existe uma coerência no fluxo da carreira, seja na vertical ou de forma horizontal”, comentou.

“Outro risco é que o Governo Federal encara nossa carreira mal estruturada como impacto orçamentário na folha do Governo Federal. Mesmo que não aposente ninguém, nem entre ninguém, a progressão vertical é tida como um peso no orçamento. Com isso, vem ameças como o aumento de níveis na verticalização até chegar ao topo da carreira, como o achatamento do salário-base para o início da carreira”, disse Jane.

Além dos ataques financeiros, há os ataques ao exercício das profissões. “O professor foi transformado em inimigo público número um. Além dos ataques com reforma trabalhista, reforma da previdência, terceirização, estamos sendo atacados diretamente na docência, em nossa forma de dar aula, na nossa autonomia na docência,com leis e determinações que limitam assuntos e temas nas aulas e atividades nas escolas”, disse Renato Machado Saldanha, professor da UFPE.

“Nós estamos vivendo uma situação pior do que na ditadura militar. Estamos vivendo ua tentativa de enquadramento ideológico que paradoxalmente se propõe justamente a acabar com a ideologia. É uma ofensiva de um pensamento de ultradireita que significa um retrocesso no que tange os direitos humanos”, disse Fabiano Godinho Faria, membro da Comissão Nacional Docente do Sinasefe.

A participação efetiva do trabalhador é urgente. “Quem não sabe contra o que luta, não tem como se defender. O trabalhador precisa se instrumentalizar para entender esse cenário e procurar resistir coletivamente. Os sindicatos precisam reforçar suas atuações e o trabalhador também tem que se somar”, comentou Renato. “O professor, especificamente, está começando a se dar conta dessa realidade porque efetivamente os casos de perseguições estão acontecendo efetivamente e de forma generalizada. Não podemos ficar calados e nos encolher. Ou nós obedecemos, aceitamos e nos escravizamos ou resistimos e lutamos por nossa liberdade. E ser livre não é um opção, é uma obrigação. Será um momento difícil, mas vamos superar”, finalizou Fabiano.

Pra encerrar o dia, a mesa ‘O avanço do conservadorismo no Brasil’ trouxe a contextualização do cenário atual que se encontra o Brasil, com o doutor em Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba, Jamerson Murillo Anunciação de Souza, e a doutora em História e professora de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense, Tatiana Silva Poggi de Figueiredo.


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